Se o propósito da Torá e a inteira criação é senão elevar a humanidade para se tornar digna dessa maravilhosa sublimidade, e se apegar a Ele, Ele nos devia ter criado com essa sublimidade para começar, em vez de nos incomodar com o trabalho que há na criação e Torá eMitzvot.
Poderíamos explicar que pelas palavras de nossos sábios: "Aquele que come aquilo que não lhe pertence, tem medo de olhar para face de um." Isto significa que aquele que se alimenta do trabalho dos outros têm medo (vergonha) de olhar para sua própria forma, pois sua forma é desumana.
Porque nenhuma deficiência sai de Sua completude, Ele nos preparou para este trabalho, para que possamos desfrutar do trabalho de nossas próprias mãos. Foi por isso que Ele criou a criação nesta forma basilar. O trabalho em Torá e Mitzvot levanta-nos da humildade da criação, e através dele alcançamos nossa sublimidade por nós mesmos. Então não sentimos o deleite e prazer que chega até nós da sua mão generosa, como um presente, mas como donos desse prazer.
Baal HaSulam, “O Amor ao Criador e o Amor ao Homem”
A primeira regra que devemos saber a respeito da intenção do Emanador é que Ele deseja fazer o bem. Ele desejou criar as criaturas que receberiam Sua bondade. E para a bondade ser completa, elas têm de a receber juntamente e não como caridade, para que a vergonha não a manche, como aquele que come o que não lhe pertence.
Para serem recompensadas, Ele criou uma realidade que elas têm de corrigir, algo que Ele não precisa, e quando elas a corrigirem elas serão recompensadas.
Ramchal, “Klalei Pitchei Chochmá VaDaat”
(Regras dos Portões de Sabedoria e Conhecimento)
Esta é a regra: O Criador aparentemente se restringiu a Si Mesmo, ou seja, Ele restringiu Sua habilidade, ao criar Suas criaturas, não as criando à medida de Sua força, mas em vez disso de acordo com o que Ele desejou e visou para elas. Ele as criou carentes para que elas mesmas complementassem, e sua completude será sua recompensa, dado que elas tanto trabalharam para o alcançar. E tudo isso foi somente devido a Seu desejo de fazer o bem perfeito.
Ramchal, Daat Tevunot (Conhecimento da Inteligência)
O propósito da inteira Criação é que as criaturas inferiores sejam capazes, ao manterem Torá eMitzvot, de subirem sempre acima, sempre se desenvolvendo, até que sejam recompensadas com Dvekut com seu Criador.
Mas aqui vêm os Cabalistas e perguntam, porque não fomos nós criados nesta alta estatura da adesão para começar? Que razão teve Ele para nos sobrecarregar com este trabalho da Criação e a Torá e osMitzvot? E eles responderam: "Aquele que come o que não lhe pertence, tem medo de olhar para sua fase." Isto significa que aquele que come e desfruta do trabalho do seu amigo tem medo de olhar para sua face porque ao assim fazer ele se torna cada vez mais humilhado até que ele perca sua forma humana. E porque aquilo que se estende da Sua completude não pode ser deficiente, Ele nos deu espaço para ganharmos nossa exaltação por nós mesmos, através de nosso trabalho em Torá e Mitzvot.
Baal HaSulam, “A Doação da Torá,” Item 7
A base principal sobre a qual este edifício inteiro se apoia é que a Vontade Superior desejou que o homem se complementasse a si mesmo e tudo foi criado para ele, e que isso mesmo seria seu mérito e sua recompensa. Seu mérito — uma vez que acontece que ele se envolve e trabalha para obter essa complementação. E quando ele a alcança ele desfrutará dos frutos do seu trabalho e sua quota em todo o seu trabalho. Sua recompensa — pois no fim, ele será o inteiro, e se deleitará no prazer para toda a eternidade.
Ramchal, Daat Tevunot (Conhecimento da Inteligência)
Se o propósito da criação dos mundos é deleitar Suas criaturas, então porque criou Ele este turvo e atormentado mundo corpóreo? Sem isso, Ele certamente deleitaria as almas tanto quanto Ele quisesse; porque trouxe Ele a Neshamá para tal abominável e imundo Guf?
Eles explicaram que há um defeito de vergonha em qualquer presente gratuito. Para poupar as almas desta nódoa, Ele criou este mundo, onde há trabalho. Elas desta forma desfrutarão do seu trabalho, pois elas podem tomar seu pagamento do Inteiro, em retorno por seu trabalho, e são assim poupadas da nódoa da vergonha.
Baal HaSulam, "O Estudo das Dez Sefirot", Parte 1,
Histaklut Pnimit [Reflexão Interna], Capítulo 1, Item 6
