A Pirâmide dos Desejos
O topo da pirâmide é também a parte que a governa
e assim a parte que tem livre arbítrio
em como o fazer e a responsabilidade de o fazer bem.
Mesopotâmia antiga, o berço da civilização, foi também o local do nascimento de Abraão, o precursor da Cabala. O conflito entre Abraão e Nimrod, governante de Babilônia, significa muito mais que um conflito entre um governante e um súdito desafiador. É um conflito de percepções. Para Nimrod, a realidade é uma "federação" de forças que ele deve agradar, servir e acalmar por meio de sacrifícios. Para Abraão, há apenas uma força, e adorá-lo significa viver pela sua lei—lei de doação, simples assim. Considerando-se este contraste de pontos de vista, não é de admirar que Nimrod tivesse que destruir a Abraão ou expulsá-lo.
Mas a partida de Abraão da Babilônia não acalmou a polis. As tendências que induziram Abrão a buscar pelo segredo da vida continuaram a se intensificar e se espalhar pela cidade agitada, alimentados pelas mesmas forças que impulsionam o processo de evolução. No entanto, na Babilônia, estas tendências começaram a manifestar uma conduta que é unicamente humana—o egoísmo.
Baal HaSulam explica que o egoísmo é uma característica natural para os seres humanos. Ele declara que é da natureza humana, e que a Cabalá oferece uma maneira de transformar suas evidentes consequências negativas em positivas. Em "Paz no Mundo", ele escreve: "Em palavras simples diremos, que a natureza de cada e toda pessoa é explorar a vida de todos os outros povos do mundo para seu próprio benefício. E tudo o que ele dá para o outro é apenas por necessidade, e mesmo assim nela há exploração dos outros, mas é feito ardilosamente, para que seu vizinho não note isso e conceda de bom grado ".
A Necessidade de Aprender Como Governar e Nutrir a Pirâmide dos Desejos
Mas antes de nos aprofundarmos na solução que a Cabalá oferece ao egoísmo humano, precisamos entender como o desejo de receber, inicialmente criado pelo desejo de doar—o Criador—tornou-se egoísmo. "A razão para isso", continua Ashlag, "é que ... a alma do homem [desejo] estende-se do Criador, que é um e único. ... Daí, o homem também... sente que todas as pessoas no mundo devem estar sob seu governo ", assim como toda a natureza é regida pela lei de doação, o Criador.
Além disso, ao contrário de todos os outros elementos da Natureza, que são forçados a se comportar em congruência com o seu ambiente, os seres humanos têm o poder de mudar o meio ambiente. Isto nos dá algo que nenhuma outra criatura possui: o livre arbítrio. Em outras palavras, os seres humanos podem escolher ser como o Criador—doando—e, adquirir o poder e o conhecimento que vêm com ele, ou permanecer como nascemos egocêntricos e limitados.
Quando os estágios de desejos caem em cascata a partir do desejo de doar, o desejo de receber evoluiu com cada nova etapa. No mundo físico, também, a evolução dos desejos se manifesta em diferentes estágios de evolução (Figura 9.): Na parte inferior da pirâmide estão os minerais e os materiais inanimados. Ainda assim este é o Nível Inanimado, correspondente à Primeira Fase. Acima dele está a flora—correspondente a Segunda Fase, encimado pela fauna—Estágio Três, e acima de tudo está o homem (falante) —Estágio Quatro.
Considerando que tudo o que existe é o desejo de doar e seu desdobramento, o desejo de receber, é evidente que o nível falante (nós), possuindo o mais intenso, sofisticado e complexo desejo de receber, não somos apenas uma parte inseparável da Criação, mas o seu ápice e governante. E assim como o cérebro governa todo o corpo, mas também é completamente dependente dele para sua sobrevivência, devemos aprender a governar e cuidar de toda a pirâmide da Criação, se quisermos sobreviver.
Aqui Está um Modelo que O Pode Ajudar a Superar Qualquer Problema e Alcançar a Harmonia
A razão pela qual Abraão foi o único da sua geração a descobrir a força criativa da vida é que ele era um pedaço do Partzuf de Adão, que estava pronto para revelá-la. Mas o objetivo da Criação não é para apenas uma pessoa atingir o estado-semelhante ao Criador, mas para toda a humanidade alcançá-lo. Assim, a descoberta de Abraão não era algo isolado, mas um antecedente para um novo estágio na evolução espiritual da humanidade.
Abraão percebeu que a vida é uma pirâmide, cujo pico é a característica do Criador, doação. Ele também percebeu que os desejos humanos somente se intensificam, como têm feito desde o início da Criação. E finalmente, Abraão soube que essa consciência, além de ter o método de correção fornecido pela Cabalá, era a única maneira de evitar o colapso do sistema devido ao aumento do egoísmo. Mas na ausência de prova tangível, apenas alguns seguiram Abraão e se uniram em torno do objetivo de alcançar o Criador. Quando esses que foram com ele cresceram e se tornaram uma nação, eles foram nomeados conforme a sua meta: Ysrael (Israel), a partir das palavras hebraicas Yashar El (Direto a Deus).
Historicamente, Babel não entrou em colapso imediatamente ou mesmo logo após a partida de Abraão. Ela continuou a flutuar na dominância e destaque para mais de um milênio após sua partida, incluindo o reassentamento dos hebreus em Babel depois de seu exílio após a queda do Primeiro Templo. No entanto, do ponto de vista cabalístico espiritual, o triunfo de Nimrod em Babel selou sua condenação porque perpetuou a regra do egoísmo ao invés de altruísmo.
"Qual É O Significado de Hoje da História do Conflito de Abraão com Nimrod?" é baseado no livro, Interesse-Próprio Vs. Altruísmo por Dr. Michael Laitman