Desde o Princípio da Criação até ao Big Bang
A sabedoria da Cabala explica, que depois do desejo de receber inicialmente criado atravessar as fases de desenvolvimento, formando o sistema dos mundos espirituais, um Partzuf especial, chamado Adão, a alma comum primordial, foi criada.
Embora esta alma comum tenha sido criada sem livre arbítrio e sem a capacidade de se tornar semelhante ao seu Fazedor, a subsequente "quebra" deste Partzuf criou a oportunidade de desenvolvimento independente e livre, para alcançar o propósito da criação - se tornar semelhante ao seu Fazedor.
Desta forma, a quebra da alma de Adão é a nossa origem comum. Sendo um Partzuf, a estrutura de Adão era uma réplica perfeita de seu Partzuf pai (corrigido). Na quebra, Adão estendeu a estrutura dos mundos espirituais (mundos de doação) até seu ponto mais baixo — recepção definitiva.
Em consequência, tudo o que existe nos mundos espirituais também existe em nosso mundo. Por essa razão, o mesmo padrão de quatro estágios pelos quais os desejos evoluíram, seguido pelos quatro estágios de evolução dos mundos espirituais, existe em nosso mundo físico. Conforme exploramos como nosso mundo evoluiu, devemos ter em mente os desejos que o evocam e o guiam.
O tempo, como nós o conhecemos, começou há aproximadamente quatorze bilhões de anos. Da perspectiva espiritual cabalística, o “big bang” foi a quebra da alma de Adão. A razão por vermos isso como um evento material é porque vemos o mundo com olhos corporais (egocêntricos). Se pudéssemos ver da perspectiva da força que induziu essa explosão massiva a que chamamos “big bang”, veríamos isso como resultado da tentativa de Adão de receber, usando o último e maior de todos os desejos.
Qual É a Diferença entre Sobrevivência do mais Forte no Darwinismo e na Cabala?
Assim como os desejos originais evoluíram em estágios, seus paralelos mundanos apareceram e foram corrigidos um de cada vez, do mais fácil ao mais duro. Agora, como cada desejo manifesta-se em nosso universo, a Natureza, é sinônimo de Criador, deve “ensiná-lo” a trabalhar de modo a contribuir para o bem estar e a sustentabilidade do universo.
Para realizar isso, a Natureza aplica um método muito similar ao principio de seleção natural de Darwin. De fato, muitos dos principais estudiosos agora reconhecem a existência do processo de seleção natural em um período anterior ao advento da vida na Terra. O professor Ada Yonath, Prêmio Nobel em Química, fez a seguinte afirmação em uma convenção internacional que celebrava o 150° aniversário da publicação de A Origem das Espécies, de Darwin: “A sobrevivência do mais apto e a seleção natural desempenharam um papel importante do mundo pré-biótico, mesmo que essas qualidades estejam relacionadas primariamente à evolução das espécies.”
Assim como no principio de seleção natural de Darwin, o mérito de qualquer novo desenvolvimento na Natureza é julgado por sua contribuição à sustentabilidade de seu beneficiário. A diferença entre o princípio darwinista e o cabalista é o beneficiário: na teoria clássica de Darwin, os beneficiários são as espécies; na Cabalá, o beneficiário é a Natureza —o todo da Natureza, significando o Criador.
O Mundo do Egoísmo e o Mundo do Altruísmo
Se esse conceito soa um pouco artificial, pense em espécies como parte de um ecossistema. Na biologia contemporânea, é comum ver uma espécie em relação a seu meio ambiente, em vez de independente dele. E uma vez que sabemos que todos os ecossistemas estão interconectados, é fácil entender que um distúrbio em um sistema pode e irá afetar adversamente os demais sistemas do planeta.
Talvez a melhor descrição que eu tenha ouvido até hoje, explicando como a Natureza muda seus elementos de receptores do ambiente em doadores, veio da biólogia evolucionista Elisabet Sahtouris, PhD. Em uma conferência em Tóquio, em novembro de 2005, a Dra. Sahtouris afirmou: “No seu corpo, cada molécula, cada célula, cada órgão e todo o corpo têm interesse próprio. Quando cada nível (...) mostra seu interesse próprio, ele força negociações entre todos os níveis. Esse é o segredo da Natureza. A cada momento em seu corpo, essas negociações levam seu sistema à harmonia.”
Claramente, o equilíbrio e o bem estar de todo o sistema são imperativos para a sobrevivência do corpo humano. Por isso o equilíbrio é tão imperativo para a sobrevivência de cada um dos sistemas do corpo. Hoje, a visão da Natureza como um sistema e não como uma coleção de elementos separados vem ganhando terreno entre os principais pesquisadores. Isso levou ao surgimento de campos da ciência tais como ecologia, cibernética, teoria de sistemas e complexidade.
Como vimos, a Cabalá sempre considerou toda a Natureza como uma unidade única. Essa totalidade não se aplica apenas à Terra e à vida sobre ela, mas ao universo inteiro — à parte corporal e também à espiritual.
Assim, as mesmas regras que se aplicam ao mundo espiritual — o mundo do altruísmo — se aplicam a nosso mundo corporal — o mundo do egoísmo. A diferença entre nosso mundo e o espiritual é que os desejos do mundo espiritual são todos sobre doação, enquanto nós somos descendentes da quebra de Adão. Como tal, somos inerentemente egocêntricos, às vezes a ponto de esquecermos o que somos de fato.
E porque estamos tão absortos em nós mesmos, ficamos alheios aos fatos que ocorrem em níveis mais profundos, a Natureza é governada por regras altruístas. O papel da Cabalá é descobrir essas regras e apresentá-las como uma forma de entendermos nosso mundo e administrá-lo em um novo nível de consciência.
"Se Você é um Ser Humano, então Você Consegue Mudar o Mundo em Que Vive" é baseado no livro, Interesse-Próprio Vs. Altruísmo por Dr. Michael Laitman