Tudo menos Sobrevivência
Traduzido de: Kabbalah Today Issue #13
O programa de televisão, Survivor, é um excelente exemplo de como não se comportar de forma a sobreviver no nosso mundo. Mas somos nós—povo do mundo, encalhados no planeta Terra—assim tão diferentes dos concorrentes de Survivor?
"É tudo estratégia, nada a não ser estratégia. Se alguém vem até si é como: “Hey, qual é a tua música favorita”— Eles não querem saber qual é a resposta. A próxima pergunta é: “Qual é a aliança? Quem se segue?” ... Para mim, o jogo Survivor é o maior jogo de sempre: É tipo “Ah, Eu sinto aquele mal.” É simplesmente divertido para mim."
Concorrente Johnny Fairplay,
Survivor, Micronesia, CBS Broadcasting Inc.
“Em palavras simples, a natureza de toda e cada pessoa é de explorar as vidas de todas as Criações do mundo para seu beneficio próprio. E tudo o que um dá ao outro—é apenas devido a uma necessidade … E toda a diferença está nas escolhas das pessoas: Um escolhe explorar os outros ao alcançar paixões inferiores, o outro por alcançar governação, e o terceiro por alcançar honra.”
Cabalista Yehuda Ashlag (Baal HaSulam),
“Paz no Mundo”
“Survivor.” Em certa altura, este mundo evocou pensamentos de alguém que se elevava heroicamente acima da adversidade de forma a sobreviver. Falamos sobre os sobreviventes do Holocausto ou das gulags Russas; há sobreviventes do cancro e sobreviventes de desastres naturais ou criados pelo homem. Hoje, porém, o mundo trás à ideia imagens de praias exóticas onde mulheres e homens de pouca roupa lutam um com o outro para ganhar o grande prémio de 1,000,000 de dólares. Em 2002, Survivor foi a série mais bem cotada na televisão Americana.
No programa, de 16 a 20 pessoas são divididas em tribos e encalhadas numa localização remota. Elas competem uma contra a outra em "desafios" e toda a noite um membro da tribo perdedora é votado a sair do programa. Os números diminuem até que apenas uma tribo sobre, e os seus membros lutam para ser a ultima pessoa a permanecer—o vencedor do grande prémio.
De forma a chegar à cobiçada posição final, alianças são forjadas e quebradas. Como um jogador o colocou, “É um jogo de lealdade e decepção.” Os competidores mentem, conspiram, e roubam para solidificar as suas posições na tribo. Eles irão fazer quase tudo aos seus "amigos" para ganhar aqueles tentadores 1,000,000 de dólares pendurados à sua frente.
Ficção ou Realidade?
Então qual é o apelativo do programa, à parte das roliças beldades que gracejam as praias? Espectadores parecem apreciar ver quão baixo os concorrentes irão descer de forma a ganhar. Ao mesmo tempo, há um som harmónico de admiração pelo que se prova mais capaz de manipular os acontecimentos para sua vantagem. É possível que estejamos a reagir a algo profundamente no interior da nossa própria natureza, algo apenas parcialmente oculto pela ténue aparência da “civilização”?
Por muito desagradável que possa soar, Survivor exagera as nossas próprias tendências e apresenta-as sob os aparados do “entretenimento.” Isto é dificilmente surpreendente, pois a nossa cultura é completamente à volta de competição, em que os fins justificam os meios. Olhe para a forma como operamos em toda a área, dos desportos aos negócios e politica. Somos assim tão diferentes daqueles concorrentes do Survivor à procura de prazeres ilusórios de dinheiro, poder ou fama?
“Parceria” tornou-se uma soante palavra comum no mundo dos negócios. Companhias áreas fazem parcerias com hotéis de forma a oferecer os melhores programas em termos de quilometragem, então garantindo lealdade ao cliente para ambos os lados. Agora pergunte-se a si mesmo isto: Quanto tempo irão durar estas parcerias se a companhia aérea não visse qualquer beneficio da parceria?
As companhias encorajam os empregados a serem companheiros de equipa e apoiar a companhia. Porém, quando há uma recessão económico, estas companhias não irão hesitar a despedir os mesmos empregados que contribuíram para o seu sucesso. Não importa o que lhe chamemos, aqui não há qualquer parceria—é tudo sobre usar os outros de forma a ganhar vantagem pessoal, tal como as “alianças” formadas no Survivor.
A eleição presidencial nos Estados Unidos avulta-se à nossa frente—uma oportunidade perfeita de observar as manobras politicas actuais. Democratas e Republicanos normalmente votam com linhas partidárias de forma a se derrotar uns aos outros. Em tempo da eleição, porém, a coesão partidária desintegra-se. De forma a se tornarem os nomeados para Presidente, Hillary Clinton Barack Obama irão percorrer quase a qualquer distâncias para se atacarem um ao outro. Assim que o nomeado for decidido, o partido irá novamente fechar as fileiras à volta do vencedor para tentar combater o nomeado Republicano.
Todo o sistema opera sobre uma base de “O que é que eu ganho com isso?” Enquanto eu beneficiar, eu entro na equipa de qualquer pessoa. Assim que o beneficio acabar, tomem cuidado!
Pode ser difícil de admitir, mas esta atitude permeia todos os nossos relacionamentos, incluindo os pessoais. Como é que eu identifico alguém como um amigo? Bem, um amigo é alguém com quem gosto de estar, alguém que me faz sentir bem. Por outras palavras, é um relacionamento onde eu beneficio de estar com a outra pessoa. Assim que o relacionamento deixa de me fazer sentir bem, ele acaba.
Porém, isto não é uma condenação—é meramente uma observação que estamos a ser verdadeiros à nossa natureza como seres humanos. Infelizmente, esta natureza egoísta também deu origem ao ódio, competição e brutalidade que descobrimos no mundo de hoje.
O Efeito Luciferino
“Se ao menos estivessem as pessoas más algures a cometer más acções e fosse necessário apenas separa-las do resto de nós e destruí-las. Mas a linha que divide o bem e o mal corta através do coração de cada ser humano. E quem está disposto a destruir um pedaço do seu próprio coração?”
Alexander Solzhenitsyn,
“The Gulag Archipelago”
Em 1971, o psicólogo da sociedade Philip Zimbardo conduziu uma experiência na Universidade de Stanford para examinar os efeitos psicológicos do aprisionamento. Ele e o seu pessoal escolheram 24 estudantes masculinos normais, bem ajustados que não tinham cadastros criminais. Então, estes estudantes foram divididos em dois grupos: Um grupo faria de “guardas” e o outro grupo seria os “prisioneiros.”
Ambos os grupos foram colocados num ambiente prisional simulado. A experiência era suposto durar duas semanas, mas foi impedida apenas seis dias depois porque os “guardas” se tornaram sádicos e cruéis e os “prisioneiros” experimentaram colapsos nervosos.
Mais de 30 anos depois, Zimbardo gritou as circunstancias que levaram aos maus-tratos de prisioneiros Iraquianos por soldados Americanos. Políticos Americanos tentaram apresentar desculpas pelo abuso, reivindicando que os responsáveis pelos maus-tratos eram apenas algumas "maças podres," entre os militares.
Numa resposta aguçada, um livro intitulado The Lucifer Effect, Zimbardo reivindicou o contrario, dizendo que sob as condições certas, isto aconteceria a qualquer um de nós. Na verdade, a surpresa seria encontrar algumas “boas maças” que conseguissem resistir ao mal inerente a nós como seres humanos.
Purificando a Condição Humana
Dada esta deprimente avaliação, que tipo de futuro podemos nós, como humanos, esperar? Parece que a nossa natureza animalesca está a tornar-se mais forte a cada dia, enquanto que valores tais como a compaixão e amor estão a perder terreno. Estamos destinados a usar-nos uns aos outros até que permaneça apenas um, como em Survivor?
No inicio de 1900, o Cabalista Yehuda Ashlag, autor do comentário Sulam (Escada) sobre o Livro do Zohar, previu os resultados da experiência de Zimbardo e muitas das outras atrocidades que acontecem no mundo. Ele reconheceu que o homem é egoísta e conduzido pelo desejo por prazer, mesmo quando esse prazer possa ser prejudicial a outra pessoa.
Ashlag garantiu-nos, porém, que há uma solução. A ciência da Cabala, que existe há mais de cinco milhares de anos, mostra-nos como podemos verdadeiramente transformar a nossa presente natureza—do egoísmo ao altruísmo. Ashlag pegou nesta antiga sabedoria e dividiu os seus ensinamentos em três fases principais:
Na primeira fase (na qual estamos agora a entrar), temos de revelar o egoísmo dentro de todo e cada um de nós, que nos mantém isolados uns dos outros e nos previne de experimentar verdadeiro amor. Além do mais, temos de reconhecer como a nossa natureza egoísta nos pode conduzir a levar a cabo acções desprezáveis simplesmente para obtermos o que queremos. Assim que virmos claramente a ligação entre o nosso egoísmo e todo o mal no mundo, e assim que não o pudermos mais negar—está no nosso poder de começar a criar uma mudança.
Na fase seguinte, devemos mudar a hierarquia de valores na sociedade. Devemos transformar-nos a nós mesmos de uma sociedade de venera o ego para uma sociedade que valorize dar e amar os outros.
Na verdade, todos tentamos ensinar às nossas crianças a partilhar e a se preocuparem com os outros. Porém, os nossos esforços são rapidamente ofuscados pelos valores que as nossas crianças encontram na realidade. Devemos começar a viver de acordo com o que ensinamos às nossas crianças. E isto pode apenas ser feito quando contribuir para a sociedade se torna mais importante para nós que a satisfação egoísta.
Assim que completemos as duas primeiras fases, iremos começar a reconhecer que todos somos partes integradas de um sistema inclusivo. Iremos rapidamente aperceber-nos quão interligados e interdependentes somos. As nossas novas percepções irão conceder-nos a habilidade de actualizar um dos princípios centrais da Cabala—Arvut (Garantia Mutua). Isto significa que o seu interesse sobre a felicidade e bem estar dos outros se torna maior que o seu interesse pessoal. Correspondentemente, iremos experimentar o mesmo tipo de amor e interesse voltando a nós dos outros. Então, iremos elevar-nos uns aos outros, em vez de nos atropelarmos os outros no nosso caminho para o “sucesso.”
Alcançar isto parece estar longe pois estamos na fase inicial da nossa viagem. O que não vemos presentemente é que esta dinâmica entre nós está enraizada na natureza. Porém, à medida que aprendemos e crescemos em sabedoria, iremos descobrir que não há nada mais natural no mundo que o amor. Nesse ponto, em vez de deixar que o futuro produza um único “sobrevivente” conduzido pela ganancia, iremos ter um mundo de sobreviventes, todos os quais irão ser conduzidos pelo amor.
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