Uma pergunta que recebi: Tudo o que a ciência da Cabala diz sobre a percepção da realidade, da ocultação do Criador e da revelação parece muito subjectiva. Ela diz que tudo depende de mim e eu só tenho que mudar a minha atitude, para sentir uma realidade diferente. Então, onde está a fiabilidade, objectividade e independência da minha pesquisa? Tudo isto parece muito subjectivo, e muda junto comigo.
Minha Resposta: É realmente desagradável a sensação de que a existência de alguém é instável e subjectiva, a maneira como percebemos o mundo nas nossas sensações e na mente. Entretanto, isto é, de facto, verdade e obriga-nos a atingir a verdadeira e eterna fundação.
Primeiramente, estamos num mundo onde tudo é subjectivo. Costumávamos pensar que o mundo existia por si próprio, independente se havia ou não pessoas no nosso planeta. Nós pensávamos que, mesmo antes de o globo terrestre se ter formado (vamos dizer cinco biliões de anos atrás), o nosso universo já existia e se tinha vindo a desenvolver há 10 milhões de anos. Mas quem nos disse essa informação? Foi um ser humano. Quando é que ele nos disse isso? Hoje. Mas como pode alguém dizer-nos sobre o que aconteceu no passado? Parece-lhe desta forma nos seus sentidos, porque eles dividem todas as sensações de uma maneira específica e identificam-nas de acordo com o tempo.
Nos meus sentidos eu avalio uma sensação específica como "tempo", eu chamo a uma sensação “um bilião de anos” e a outra “um segundo”, e coloco outras percepções nesta sensação. É desta forma que imagens multidimensionais de tempo, espaço, movimento, e mudanças são formadas dentro de mim através de várias sensações. Tudo isto acontece nos meus sentidos. Os conceitos de tempo, espaço e outras alterações (ou movimentos) estão dentro de mim, tudo está dentro de mim.
Mas o que está fora de mim? Isto é algo que eu não sei, eu nem sei se existe alguma coisa ou não, fora de mim. Isto é porque eu só posso sentir o que está dentro de mim. É impossível nós sentirmos algo a não ser que entre nos nossos sentidos. Todo o espaço que sentimos como estando fora de nós, existe também dentro de nós. Caso contrário, como é que vamos sentir?
A Cabala separa o meu Sefirot de percepção em Sefirot interno e externo. No Sefirot interno, sinto-me a mim mesmo, e no Sefirot externo eu sinto o mundo exterior. No entanto, todos os Sefirot são meus e eles existem dentro de mim. No processo de correção, todos eles se unem e se tornam no Sefirot interno. Eu, então, torno-me composto, unificado e singular, em oposição ao Criador, que também é singular.
Quando olha para o monitor do computador, você não pode ver nada que não tenha ainda entrado. Se observar qualquer informação no computador - por exemplo, se lê um texto, assiste a um vídeo ou ouve música - tudo isso já tem de estar dentro do computador. Este exemplo ajuda-nos a perceber por que é proibido dizer que o nosso mundo já existia há 15 biliões de anos, salvo se tivermos em conta que se trata apenas de um modo relativo ás nossas percepções.
Toda a ciência é verdadeira, nós só temos que acrescentar uma pequena nota no fundo: “relativo aos sentidos humanos”. Tudo é verdade, apenas no que diz respeito a mim.
É por isso que na ciência da Cabala, o Criador é chamado "Bo-Reh", que significa “Vem e Vê”. Se você revelá-Lo dentro de si, alcançá-Lo e “vê-Lo” (porque a visão é a percepção mais explícita dos nossos sentidos), então o Criador existe para si. No entanto, se você não tiver alcançado Ele, revelado Ele, e sentido Ele, então Ele não existe para si.
Se você diz que apenas ouviu falar D'Ele, então esta não é nem uma forma abstrata, é uma fantasia que os seus “instrutores” o instruíram. Afinal, a forma abstrata é quando você sente um fenómeno, e que depois o imagina sem que antes tenha sido revestido na matéria.
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