Enquanto estava ao lado do Rabash, ficava sempre surpreso em quão curtos e formais os ritos fúnebres eram. Uma pessoa tem de executar o ritual: vir ao cemitério, dizer algumas palavras sobre a sepultura, e partir. E ela tem de voltar uma vez por ano, não mais.
No sentido corpóreo, este ritual é sombrio, mas no sentido espiritual, é alegre! estamos na verdade a realizar um ritual sobre o qual uma pessoa devia estar feliz. Ela devia rejubilar por se livrar deste "corpo," sobre o facto de que o seu desejo egoísta morreu e o desejo de dar e amor, chamado a "alma," ascendeu a um novo nível. Ela subiu do nível corpóreo, recepção, para os “céus” – dar!
Quando você volta uma vez por ano ao seu desejo enterrado, você verifica se há mais algo que você pode retirar dele de forma a o corrigir e ascender ainda mais alto. Afinal de contas, a ascensão pode apenas tomar lugar por meio da correcção, ao tornar o egoísmo em dar.
Depois disso vem o “renascimento dos mortos,” quando corrigimos todos os nossos desejos e nada permanece na "sepultura." Os mortos (desejos) irão então ser reanimados e os rituais fúnebres não mais serão executados.
O Rabash era uma pessoa que agia como mais nenhum Cabalista anteriormente. Ele aceitava estudantes seculares no seu grupo, que estava localizado no meio da populaça Judaica Ortodoxa na cidade de Bnei Brak. E ele ensinava estes estudantes a ciência da Cabala. Naqueles tempos, isto era uma verdadeira revolução. Ele foi contra a sua família, as pessoas próximas a ele, e a opinião social de toda a comunidade Ortodoxa.
Apesar de tudo, ele ousou fazer isto, e ele fez uma ruptura. Ele começou a escrever artigos e a dar lições para principiantes, incluindo pessoas seculares. Ele fez tudo o possível para espalhar o Ensinamento.
A coisa mais importante que ele deixou para trás são os seus artigos e o seu espírito. Tudo o que temos hoje, toda a nossa fundação foi deixada por ele. Eu sinto sempre que eu continuo o trabalho de mais ninguém a não ser o dele. É por isso que sinto as forças internas para continuar. A maneira como estudamos, explicamos e formulamos as coisas, tudo vem dele. Eu espero continuar a transmitir tudo o que tenho, incluindo o espírito do Rabash, que recebi dele, para vocês.
Esta pessoa é essencialmente uma ponte, um elo intermediário ligando todos os grandes Cabalistas do passado, de Abraão a Baal HaSulam, até nós. Através do seu espírito, ele passou a ciência da Cabala para nós. Estamos a viver dentro do seu Kli, e ele apoia-nos.
Temos de agradecer ao Criador por nos dar esta alma, que continua a incluir-nos no interior e a nos desenvolver até hoje. Qualquer espiritualidade que alcancemos é na virtude da sua ajuda, esta força que age sobre nós. É por isso que somos chamados, "Bnei Baruch" – os Filhos de Baruch. Esperemos que nos venhamos a tornar verdadeiramente os filhos de Baruch Ashlag, o Rabash.
(Da minha conversa na sepultura do Rabash esta manhã, 09.23.2009)
