Navegando Pela Tempestade Financeira
Traduzido de: Kabbalah Today Issue #20
Foi há mais de um ano que o tornado financeiro atingiu pela primeira vez a América e consequentemente o mundo inteiro. Já terminou o pior, ou - como Obama avisou a 6 de Dezembro - está o pior ainda por vir?
Podemos especular sem qualquer motivo, mas o que é certo à medida que a administração de Obama entra na Casa Branca é que estamos há um ano e meio na maior crise financeira desde a Grande Depressão, e não há qualquer solução à vista. Então, talvez esteja na altura de olhar para as coisas de uma perspectiva diferente?
Então para começar: qual é a razão de toda a comoção? Maior parte dos analistas apontam a crise das hipotecas como o sub-principal catalisador dos nossos problemas financeiros. Todavia, poderia tão facilmente ter sido a "crise ambiental" ou a "crise humanitária," ou até a "crise da proliferação nuclear."
O que verdadeiramente deu origem a esta bola de neve a rebolar não foi um corpo financeiro de qualquer espécie, mas em vez disso avareza, luxúria incivilizada e oportunismo irresponsável, ou dito simplesmente, a egocêntrica natureza humana. A única razão pela qual ela atingiu o sistema monetário primeiro é que este sistema incorpora a natureza corrupta dos relacionamentos e interligações das pessoas.
Infelizmente, esta natureza não pode ser alterada ao verter absurdas quantidades de dinheiro dos contribuintes nos mercados. Até agora, os triliões gastos nos Estados Unidos, Inglaterra, França, e em todo o lado não aumentaram quer os empréstimos ou a liquidez. E foi tudo feito tão imprudentemente que agora ninguém pode fazer com que as empresas e bancos resgatados a admitir no que que gastaram o dinheiro. Nas palavras de Naomi Klein, aqueles triliões "foram pelo cano abaixo," tal como os biliões que se escorregaram das mãos dos grandes bilionários.
Uma Crise de Confiança
O dinheiro não causou a crise e o dinheiro não a irá concertar. Para lidar com a crise financeira de hoje e desafios sociais, um plano de resgate completamente diferente é necessário - um plano que nos resgate das nossas maneiras egocêntricas.
Todos usam a expressão, "as bolsas de valores tropeçaram," mas sabe sequer alguém o que esta frase significa verdadeiramente? A bolsa de valores é, afinal de contas, nada mais que um conglomerado de estimativas e especulações: uma plataforma sofisticada para apostas de sucesso e extrapolações que são imediatamente traduzidas em percentagens e índices. Então a bolsa de valores não é o que desabou; o que ruiu verdadeiramente foi a confiança entre as pessoas. Companhias de crédito não acreditam nas companhias de seguros, que não podem confiar nos bancos, que foram desiludidos pelos agentes imobiliários, que culpam os agentes de seguros por causar a queda do Zé da esquina, que foi forçado, como costume, a pagar por tudo isto. E se tudo isso não fosse suficiente, veio o esquema de Madoff Ponzi e estilhaçou qualquer confiança que tivéssemos de sobra no sistema.
Agora, todos seguram cuidadosamente as suas cartas junto a seus peitos, acumulando o seu dinheiro de volta onde ele costumava estar nos bons velhos tempos - por baixo dos colchões. É por isso que o jorro sem fim de capital secou e criou o que os auto-proclamados especialistas referem como "uma crise de liquidez."
Segure-se bem. Apesar de tudo o acima mencionado, nem tudo está perdido. Na verdade, nas palavras dos Beatles, "it’s getting better all the time." Porquê? Porque a mesma confiança que aparenta estar quebrada nunca lá esteve. Não era mais que uma ilusão, que é a verdadeira bolha que rebentou. A situação em que todos estão apenas preocupados com os lucros pessoais é o que nos trouxe esta crise em primeiro lugar. E se verdadeira confiança não existe no mundo, é melhor descobri-lo agora, antes que seja verdadeiramente tarde demais.
Mas isto é apenas a ponta do icebergue. O verdadeiro bónus que vem com esta crise é que agora estamos prontos para ver o mundo pelo que ele é: um barco global.
Um Novo Sistema de Navegação
Duas pessoas estavam num barco, e uma delas pegou numa broca e começou a furar um buraco por baixo de si mesma. O seu companheiro disse-lhe: Porque estás tu a fazer isto? Ele respondeu: Que te diz respeito a ti? Não estou eu a furar por baixo de mim mesmo? O outro respondeu: Mas tu irás inundar o barco para os dois, e ambos nos iremos afundar!
(O grande Cabalista Shimon Bar Yochai, citado pelo antigo texto Cabalistico, Midrash Rabbah, Levitivus 4:6)
No barco global que todos partilhamos, quem quer que pense que pode fazer um buraco por baixo do seu próprio assento e ignorar o bem estar dos outros está gravemente enganado. Os correctores e investidores que acreditavam que apenas os seus clientes seriam prejudicados se os seus jogos falhassem estão agora a lavrar as profundezas do mar juntamente com todos os outros. E ao dizer todos pretendo dizer todos, do Banco Imobiliário Hypo em Berlim e o AIG em Nova Iorque, à loja de calçado Chai Ling Shiu e Filhos na Tailândia do Norte. Se uma pessoa se afoga, todos se afogam logo a seguir a ela.
Porque é tão importante que compreendamos isto? Porque estamos a viver numa nova era, uma em que a confiança e consideração mutua requerem muito mais que hipocrisia. Estas são agora as leis da nova realidade, uma realidade em que todos dependem uns dos outros, para o melhor ou para o pior. Daqui em diante, não temos escolha a não ser trabalharmos juntos, como uma grande família. Apenas então seremos capazes de navegar o nosso navio global para o porto da generosidade e prosperidade.
Já chegamos a um grau em que o mundo inteiro é considerado um colectivo e uma sociedade. Cada pessoa no mundo extrai as suas necessidades para viver e sua vivacidade de todas as pessoas no mundo; então, esta deve servir e cuidar do bem estar do mundo inteiro.
(Paz no Mundo, por Baal HaSulam, o principal Cabalista do século 20)
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